sábado, septiembre 18, 2010

[2 de 365] - amolar a navalha

Tecer os fios de uma argumentação, perto de trechos como este:

"Observando Vicente, meu barbeiro, no ofício há mais de vinte anos, amolar a navalha na correia, pergunto em quanto tempo aprendeu a fazê-lo.

-Dez anos.
-Com sete ou oito, ainda não sabia?
-Não, e alguns barbeiros não aprendem nunca.
-Como é que você sabe que a navalha pegou o fio?
-Sinto na mão. Mesmo de olhos fechados.

Amolar navalhas, então, evoca a arte de escrever: pelo que exige do praticante, em exercício e paciência; e pelo modo como o fio se revela, tão semelhante à maneira como o escritor, amolando a sua frase, perceve (também na mão?) ter alcançado o que busca" [Osman Lins: "A Rainha dos cárceres da Grécia", pp. 96-97]

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